De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), a cada
100.000 pessoas no mundo, de 4 a 600 delas desenvolvem o ceratocone. Também
conhecido como distrofia contínua e progressiva, o ceratocone é uma doença que
afeta a córnea – parte transparente do olho -, deixando-a mais fina e menos
resistente. Com a pressão intraocular constante sobre ela, ocorre uma
modificação na sua espessura e formato, que adquire uma aparência “pontiaguda”.
Sua maior incidência ocorre na adolescência, entre os 13 e 18 anos de
idade. Em geral, afeta em 90% dos casos ambos os olhos, tanto em homens como
mulheres. A doença progride aproximadamente de seis a oito anos e, depois,
tende a permanecer estável. Entre os sintomas estão: fotofobia,
irritações, ofuscamento, embaçamento e/ou distorções moderadas. Na
maioria dos casos, as pessoas não percebem que possuem a doença, pois esta
aparece disfarçadamente, sendo, por vezes, comumente confundida com miopia ou
astigmatismo.
Ainda não se sabe a causa da doença, mas acredita-se que seja de origem
hereditária e que seja resultado de diferentes condições clínicas. Desta forma,
os filhos de portadores do ceratocone devem ficar mais atentos. Além disso,
segundo estudos, ela pode estar associada a patologias sistêmicas como as
síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos e Marfan.
Como
diagnosticar o ceratocone?
O
diagnóstico é feito por meio do exame oftalmológico e confirmado pela
Topografia Corneana Computadorizada, ou Fotoceratoscopia – exame que faz um
estudo topográfico da superfície da córnea, ou seja, um retrato mais apurado da
córnea. E permite obter informações quantitativas e qualitativas a seu respeito
por meio de um gráfico numérico e de cores. Vale lembrar que o diagnóstico
precoce da doença não impede que a mesma evolua, porém, quanto mais cedo o
ceratocone for identificado, melhor será o resultado do tratamento. Por isso é
fundamental que se realize consultas oftalmológicas periodicamente.
Como
funciona o tratamento?
Infelizmente,
o ceratocone não tem cura. Porém, existe uma série de tratamentos disponíveis
para melhorar a visão do portador da doença, estabilizando o problema e
reduzindo as deformidades da córnea. O tratamento adotado depende da evolução
do caso. Na maioria das situações, o problema é solucionado por meio da adoção
de óculos, lentes de contato ou cirurgia. Segundo estatísticas, apenas 10% dos
casos evoluem para transplante de córnea.
Conheça um pouco mais sobre as principais formas de tratamento
Óculos
Em casos
mais brandos, inicialmente o tratamento é feito com a adoção de óculos, por
meio da adaptação de lentes corretivas para melhorar a visão do paciente.
Lentes de
contato
O uso das
lentes de contato representa, depois dos óculos, a primeira opção para a
recuperação visual, uma vez que substituem a superfície irregular da córnea por
uma regular, melhorando, assim, a percepção das imagens. Este tratamento pode
ser feito tanto nos casos iniciais quanto nos mais graves da doença. A
indicação do modelo de lente a ser usado é feita pelo oftalmologista, que
analisa o desenho mais apropriado para o estágio da doença do paciente. As
lentes devem ser limpas e desinfetadas a cada uso e, a cada seis meses, o
usuário deve voltar ao oftalmologista para fazer uma avaliação de sua
adaptação. Fique atendo, lentes mal adaptadas podem favorecer a progressão do
ceratocone e/ou causar perdas de transparência na córnea.
Cross-Linking
É um
tratamento por meio do qual se expõe a córnea a uma combinação de radiação
ultravioleta (UV-A) e vitamina B2, produzindo um aumento nas ligações entre as
fibras de colágeno, fortalecendo toda a estrutura da córnea. E indicado para
pessoas que apresentam boa visão com o uso do óculos ou lentes de contato, com
o ceratocone não muito avançado e que tenham apresentado evolução da doença. A
função deste tratamento não é reduzir o ceratocone, mas justamente parar sua
evolução, evitando progressão da mesma, ocasionando sua estabilização. Esse foi o tratamento que me submeti para a melhora do ceratocone, é posso garantir que deu certo, deu muito certo!
Anel
intracorneal ou cirurgia de ceratocone
Indicado
no estágio moderado do ceratocone. Corresponde ao implante cirúrgico de
aneis ultrafinos, que funcionam como um esqueleto que remodela e diminui a
curvatura da córnea, tornando a superfície mais regular. Os mais utilizados são
os Aneis de Ferrara. Trata-se de uma técnica reversível, sem danos à córnea e
não refrativa, ou seja, após o procedimento os pacientes continuarão precisando
usar óculos ou lentes de contato para melhor qualidade visual.
Transplante
de córnea
Indicado
apenas como último recurso, em pacientes que apresentam ceratocones em estágios
avançados, o transplante de córnea consiste na substituição de toda
(transplante penetrante) ou de parte (transplante lamelar ou endotelial) da
córnea. Apenas uma minoria dos portadores da doença necessita fazer o transplante,
que embora tenha uma recuperação mais lenta, se comparado aos outros
tratamentos, oferece uma importante melhora do quadro. A cirurgia é realizada
com anestesia geral, ou sedação, ou anestesia local – dependendo da condição
clínica – e o paciente recebe alta no mesmo dia.