segunda-feira, 8 de junho de 2015

PESSOAS ESTRELAS E PESSOAS COMETAS


"Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." - Antoine de Saint-Exupéry. (O Pequeno Príncipe)

Existem alguns acontecimentos que desejamos que permaneçam pra sempre. Desde aqueles que são sinestésicos, como a alegria de um dia de aniversário ou o acordar numa manhã de natal; como também existem acontecimentos que foram feitos apenas pra serem curtidos em sua brevidade, sendo apreciados e não necessariamente trazendo consigo o desejo de ser pra sempre. Observados como o ir e vir majestoso do sol, um bebê brincando livremente, a paisagem mudando vista pela janela do carro durante uma viagem de férias... Todos proporcionando boas sensações sejam com desejo de serem pra sempre ou apreciados de fato como momentâneos.
Bons acontecimentos e os sentimentos bons que eles proporcionam. Alguns que nos pegam de surpresa, do tipo: estar ouvindo o rádio enquanto faz qualquer coisa não tão importante e de repente aquela sua música preferida começa a tocar, fazendo você ignorar todo o resto se transportar pra alegria que ela te dá. Outros podem ser planejados, como a conquista de um bem material que exigiu esforço e disciplina pra trabalhar e economizar. Há inúmeros exemplos que poderiam ser colocados aqui pra ilustrar a boa sensação que os acontecimentos - sejam eles os mais naturais ou inusitados, trazidos pelo acaso ou planejadamente gerados - nos trazem ao longo da nossa trajetória.
Certa vez, escutei que existem dois tipos de pessoas com as quais vamos nos encontrar em nossa vida: pessoas estrelas e pessoas cometas.
As estrelas são aquelas que estão permanente num determinado lugar. Como aponta a ciência da astrologia elas nascem e morrem, mas tem uma longa permanência e seu papel de astro é desempenhado em sua galáxia. Pessoas estrelas são aquelas fixas em nossa vida. Os pontos de luz que podemos sempre contar que lá estão para compor o mapa que precisamos. Ainda que por algum momento circunstâncias se coloquem entre nos e essas estrelas como nuvens, lá estão as estrelas sempre em seu lugar brilhando e cumprindo seu papel. É como aquele amigo (a) que pode até não aparecer todos os dias, mas tem sempre o mesmo numero de telefone, está sempre online ou em poucos minutos aparece para compor o cenário da sua vida sempre que você precisar. Pode ser também a família que faz com que sua casa seja um lar, pois é um lugar pra onde você pode sempre ir e encontrar suas estrelas presentes.
Existem também as pessoas cometas. São um acontecimento artístico no céu. Aquelas que aparecem, roubam a cena, cativam totalmente a sua atenção por serem um acontecimento único. Não vem pra ficar, mas cumprem seu papel proporcionando o que o destino designou. Pessoas cometas são aquelas que trazem consigo intensidade, pois só acontecem uma vez e logo se esvaem por ai, pela galáxia da vida. Não deixam de existir, apenas continuam sua trajetória veloz e vão acontecer em outro lugar. Podem parecer fugazes, mas o que fazem conquista espaço e em seu flash momentâneo promovem aquilo que pode ser uma lembrança para o resto da vida.
Acredito que uma não é melhor que a outra, todas proporcionam seus acontecimentos positivos. Uma de forma constante como um ponto fixo no céu pra qual você pode sempre olhar e contar, outra passageira, como um presente pra mudar o cenário tornando a vida um pouco diferente do normal e em sua singularidade acrescentar e deixar historia pra contar. O ser humano na sua inconsciente genialidade e capacidade multiforme podem ser ao mesmo tempo constantes para uns e transitório para outros. Tudo depende do espaço o qual recebe pra ser, aliado também com aquilo que tem interesse em ser.
Acho que vale o exercício de pensar qual dos exemplos nos cabe mais. Estrela ou Cometa? Quem são esses em nossas vidas e qual nos somos na vida dos que nos concedem um espaço em seus céus? Pra quem sou um e pra quem sou outro? Nosso repertório é composto pela soma de acontecimentos e a maioria deles vem dessas estrelas e cometas que povoam nosso céu.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A TAL DA MULHER MODERNA: O QUE ELA FAZ? ONDE ELA VIVE? DO QUE SE ALIMENTA? POR QUE É DIFERENTE DA “MULHER ANTIGA”?


Não é difícil deparar-se com uma revista feminina com, logo na capa, um discurso sobre “que roupas você pode usar em tal ocasião”, ou “10 maneiras de enlouquecer ele na cama”, ou ainda “você pode ligar depois do primeiro encontro?”. A mulher moderna lê isso? Ela já não deveria saber que é livre para tomar suas próprias decisões e que não existem fórmulas mágicas?
As revolucionárias da década de 1960 que lutaram por novos direitos e reconhecimento, as que romperam os estereótipos da época, conquistando o mercado de trabalho, fumando, usando calças, discutindo sobre aborto, métodos anticoncepcionais, violência conjugal, sexo e com mudanças na estrutura familiar também eram modernas para a época delas. É injusto dizer que elas estão fora de moda. Hoje, somos uma mulher que compreende, de alguma forma, todas essas que vieram anteriormente.
Tempo, espaço, estilos, crenças, convicções estão vulneráveis a mudanças com grande facilidade e imprevisibilidade, pois tudo é temporário, pode ser modificado antes de se concretizar em hábitos, costumes e verdades. Para homens e mulheres.
A “mulher moderna” é estereotipada para sair dos estereótipos. Ela é mãe, esposa, executiva, dona de casa, cuida da beleza, da saúde, da família. Ela carrega a noção de que para ser bem sucedida significa cumprir uma gama de realizações pessoais, profissionais, familiares, religiosas e educacionais. Toda mulher é realmente assim? Ou quer ser assim?

É uma imagem saturada de que a mulher está sempre cansada, sobrecarregada e trazendo uma insuficiência na vida. A mulher de qualquer época precisa ter a mente aberta, sem se apegar a padrões e sem abraçar dificuldades impostas sem necessidade. No “tempo de nossas avós”, elas traziam dentro de si os mesmo desafios, vontades e conquistas. Ninguém precisa seguir um modelo para ser realizada. A tendência é ser uma mulher atemporal.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

NÃO VIM À ACADEMIA FAZER AMIGOS

Já se vão 30 anos desde que mamãe me viu pela primeira vez e deu aquele sorrisão animado dizendo “tão feia, coitada, mas como já amo”, e posso garantir que o tempo passa rápido, voando, quase tão veloz quanto o movimento que diariamente fazem hoje meus peitos desde o sutiã de que são privados até o geladíssimo chão, onde encostam quase sem estardalhaço, e como eu dizia, já foram 30 anos mas não parece ter sido nem 10.
De modo que, lutando contra a gravidade, a idade, a flacidez e a sordidez do tempo, e tendo começado a batalha bem depois do que deveria, já há um ano corro atrás do prejuízo de cima duma esteira elétrica, e debaixo duma outra dezena de ferros, manivelas, barras e instrumentos diversos que deveriam me deixar gostosa(mas teve uma pausa de uns 6 meses por motivos de doença), mas que, até o presente momento, só têm me feito parecer estúpida e me confirmado desengonçada além do limite tolerável pelo mundo fitness.
Estou longe da Gabriela Pugliese e pertissimo da Betty Faria. De chapada, só minha memória.

Gabriela Pugliese
E, posto que vivo bem com isso, a ida ao templo da saúde, do bem-estar e da beleza acontece sem grandes cobranças, suave, de boa. Empurro minhas coisas, puxo minhas paradas, ajoelho, levanto, e aquilo que chamam de treino corre ausente de trancos ou graves acidentes. No máximo, no máximo, um pesinho de 4 kg caindo no pé, mas nada que no ambulatório não se resolva.
Na academia de ginástica, sou feliz como sou: flácida e impopular.
Driblando a sofrência que envolve fazer muita força e ao mesmo tempo respirar, sigo rumo à medalha olímpica concedida aos que completam o plano anual sem desistir. Confesso que já quis bastante, mas a pressão dos $$$ pingando na conta do banco sempre me faz voltar atrás e vestir a legging. Bate esse whey e toma, garota, coragem.
Sou do tipo que agora malha sem fone, o que denunciaria, das duas, uma, ou minha total abertura a novos contatos, ou minha falta de verba para investir em fones que funcionem por mais de uma semana sem dar defeito. Uma dica: comprei todas as minhas roupas de ginástica no outlet. Sou pobre, não vim aqui fazer amigos.
No entanto o prestativo homem que sabe meu nome (personal Trainer), mas de quem tenho algumas informações além de 1) é homem 2) é prestativo, puxa conversa e, atencioso, quer saber de mim, ahh esqueci do detalhe 3) é meu primo ( rsrs ). Veja, nem eu sei de mim. E, ainda que soubesse, não conseguiria te contar, porque puxar estes 19 quilos e respirar e falar ao mesmo tempo é demais pra mim. Não me levem a mal. É descoordenação, não falta de apreço.
No vestiário lotado, disputo espaço na pia com duas garotas que têm cada uma metade da minha idade e o triplo do meu sex appeal. Tudo bem, sei conviver com isso. Como eu disse, já são 30 anos de conformismo. Só dói um pouco em momentos como quando o carro delas ficam bem na frente visível para qualquer um, que no fundo  por ser sujo e humilde o meu. Mas já resolvi esse problema, estou indo a pé, muito mais saudável.