terça-feira, 22 de setembro de 2015

PARA DE SE EXPOR NO FACEBOOK, AMIGA

Não me importo em saber detalhes da infecção urinária recente, dos hábitos de higiene da família e colegas de quarto, nem mesmo de preferências sexuais referentes ao cara que pegou você esta semana. É tudo excesso de informação, claro, mas são coisas com as quais consigo lidar.
Mas essa sua mania de chorar publicamente os pés na bunda devo admitir que me dá nos nervos.
Pra quê tanta exposição, meu Deus? Aonde queremos chegar?
Já no primeiro post nas suas redes sociais ficou bem claro que o amor da sua vida foi-se embora. Juro que lamentei, mesmo sem conhecê-lo, justamente porque via que de alguma forma ele te fazia feliz. Só que aí, amiga, foi quando você começou a publicar 14 vezes por dia mensagens que você finge que são cifradas e que eu finjo que acredito, e que, poxa, primeiro que dão no saco, segundo que cadê seu amor próprio, deve ter ido embora junto com ele.
Não pode.
Óbvio que Facebook, Twitter e afins não são lugar só pra júbilo e contentamento. Eu mesma vivo me queixando da vida em posts fartos de autopiedade e sem um pingo de cautela. Mas o que nos diferencia aqui é que, enquanto eu tô lá fazendo piada comparando a lancheira podre do meu afilhado com a da filha da Bela Gil, culpando o fato de eu ser uma madrinha desleixada pela má alimentação do menino e ai ai ai coitada de mim mesma blábláblá, Você está aí arregaçando o coração pra que todo mundo veja.
E, por mais que sua lista de amizades anuncie 700 indivíduos, é importante que você se lembre de que nem 10% deles são seus amigos de verdade. Cabem nos dedos duma mão os que vão passar a mão no telefone para oferecer ajuda ao ler sua última postagem dizendo que “não tá fácil ser eu neste momento”.
Os outros - que nem seu número têm, que dirá empatia pela sua dor – vão apenas dar um like e partir pro próximo assunto. No máximo, vão sentir dó. E, amiga, há poucas coisas mais deprimentes nesta vida do que ser motivo de pena de alguém.
As tentativas desesperadas de suprir o buraco aberto pelo fim do relacionamento viram, com suas diárias sugestões de pauta, tema de debate nas rodas de amigos próximos, que vão comentar entre si sobre o fracasso da sua união.
Se isso ainda conseguisse trazê-lo de volta, não é mesmo?
Mas não vai, e você já sabe disso. Assim como já sabe que, de bom mesmo, virar assunto na mesa de bar não traz é nada, exceto julgamentos que te deixam nua e pronta para ser queimada viva.
Lugar de curar dor de amor, minha flor, é no consultório da terapia. Ou em casa, refletindo e olhando pra dentro. Se for pra contar pros amigos, que seja numa conversa franca e particular, sem curtidas ou compartilhamentos.
Autoconhecimento é o único caminho para superar um coração partido, e isso não tem nada a ver com o número de joinhas e carinhas de triste que um post no Facebook consegue.
Campanha por mais atividades que tragam alegria e por menos nudez emocional nas redes sociais. Por mais deixa o tempo passar e por menos lutar contra o inevitável. É esta a fórmula mágica da cicatrização.
A fórmula que, quando você menos esperar, amiga, vai te fazer operar milagres. Tipo trocar aquela foto falseta do perfil, em que você aparece fingindo que superou, por um retrato lindo com um sorriso de verdade, daqueles sorrisos de quem é, e não de quem só parece ser.


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