"A contracepção talvez seja a principal preocupação das mulheres em idade fértil, em todo o mundo. Para percebermos isso, basta analisarmos a alta taxa de gravidezes não planejadas. Os métodos contraceptivos, ainda hoje, são temas de várias polêmicas e a maioria das mulheres, e também dos homens, ainda têm muitas dúvidas a respeito."
Não adianta saber da existência dos diferentes métodos, é
essencial o conhecimento de seu funcionamento, sua eficácia, vantagens e
desvantagens. O desconhecimento desses fatores leva ao seu uso inadequado, com o
risco de uma gravidez indesejada.
É importante que se tenha em mente que antes de optar por um
método contraceptivo específico, é recomendável que se consulte um
ginecologista, que será capaz de avaliar seu caso, já que nem todas as mulheres
podem usar todos os métodos disponíveis. Ou seja, existem algumas
contra-indicações. Além do mais, durante a consulta, o médico esclarecerá suas
dúvidas e discutirá com você o melhor método indicado.
Os métodos contraceptivos são classificados em cinco grupos:
• Métodos comportamentais; • Métodos de barreira;
• Dispositivos intra-uterinos;
• Contracepção hormonal;
• Contracepção cirúrgica.
Vamos agora falar um pouco sobre cada um deles.
Métodos Comportamentais
Esses métodos baseiam-se na observação das características do
ciclo menstrual, com abstinência sexual durante alguns períodos. Requerem que a
mulher esteja sempre atenta aos sinais e seja capaz de reconhecê-los
adequadamente, já que podem ocorrer variações importantes. Geralmente,
calcula-se a data provável da ovulação e faz-se a abstinência por 4 dias antes e
três dias depois dessa data, período de maior fertilidade da mulher. A
importância principal desse grupo de métodos é para as mulheres com impedimento
religioso ou cultural aos outros métodos.
Esses métodos apresentam baixa eficácia, alteram o
comportamento do casal, dependem de motivação e aprendizado e não protegem
contra doenças sexualmente transmissíveis.
1. Tabelinha, Ritmo, Ogino Knaus
A famosa tabelinha é bastante utilizada, ainda hoje. Consiste
no cálculo do provável dia da ovulação e na abstinência sexual por 7 dias, nessa
época. Esse método, porém, só deve ser utilizado por mulheres que tenham os
ciclos menstruais regulares e que ovulem sempre no 14º dia do ciclo. Para sua
aplicação, devem ser observados os ciclos por pelo menos 6 meses, antes do
início.
O modo de usar é bastante simples. Você pega a data provável
da próxima menstruação e subtrai dela o número 14. O resultado é o dia provável
da ovulação. Agora basta contar 4 dias antes e 4 dias depois. Durante esse
tempo, o casal não deve ter relações sexuais. Vamos dar um exemplo:
Vamos supor que o primeiro dia de sua próxima menstruação
será no dia 20. Bom, agora subtraímos 14 de 20 (20-14=6). A data provável da
menstruação é dia 6. Subtraímos 4 dias e somamos 4 dias a essa data. Assim, a
abstinência deve ser feita do dia 2 ao dia 10.
2. Temperatura Basal
Baseia-se no fato de que após a ovulação ocorre um aumento da
temperatura corporal, em 0,3-0,8ºC, por três dias. Antes de iniciar o uso desse
método, a mulher deve ter um período de alguns meses, no qual ela avaliará sua
temperatura todos os dias e anotará em um gráfico, o que ajudará na determinação
do padrão de elevação da temperatura. Para isso, todos os dias, ao acordar,
antes mesmo de se levantar e antes de escovar os dentes, a mulher mede a
temperatura com termômetro colocado debaixo da língua, anotando o valor em um
gráfico. Após a determinação do padrão de aumento da temperatura, o método
funciona da seguinte maneira: o casal deve fazer abstinência sexual durante toda
a primeira parte do ciclo (ou seja, depois da menstruação) até três dias depois
que a temperatura aumentou.
3. Muco cervical, Billings
Com este método, a mulher tenta prever o período fértil por
meio da análise do muco proveniente do colo uterino. Logo depois da menstruação,
existe um período em que a vagina permanece muito ressecada, e o muco vai
aumentando aos poucos e vai se tornando mais escorregadio e elástico (a mulher
consegue fazer um "fio" com o muco, abrindo os dedos). Ele fica mais elástico na
época da ovulação. Assim, o casal deve fazer abstinência desde o período em que
existe pouco muco até três dias depois da data de maior elasticidade.
4. Método Sintotérmico
É o uso conjunto dos três métodos anteriores. Aumenta a
eficácia.
5. Ejaculação extravaginal (coito interrompido)
Consiste na retirada do pênis da vagina, antes da ejaculação.
Não é um método recomendado, pois leva a um ato sexual incompleto e a ansiedade
no casal. O índice de falha é alto porque muitos homens não conseguem controlar
o momento da ejaculação e, além disso, o líquido seminal eliminado antes da
ejaculação também contém espermatozóides. O uso constante desse método pode
favorecer o desenvolvimento de dor pélvica na mulher, pois como ela não tem
orgasmo há uma vasodilatação com acúmulo de sangue na região da pelve. Outro
problema associado a esse método é que ele pode gerar, no homem, ejaculação
precoce e disfunção erétil (impotência).
Métodos de Barreira
Esses métodos impedem que os espermatozóides cheguem ao
útero.
1. Condom, Camisinha
Existem modelos masculino e feminino (raramente usado). A
camisinha masculina é um método bastante utilizado, mas depende de uso correto.
A grande vantagem é que, além de proteger contra uma gravidez indesejada,
protege contra doenças sexualmente transmissíveis.
A principal desvantagem da camisinha masculina é a
necessidade de colocação durante o ato sexual, antes de qualquer tipo de
penetração. Além disso, requer motivação do casal. Algumas pessoas podem
apresentar alergia. A camisinha feminina pode ser colocada bem antes da relação
sexual e é mais resistente que a masculina; porém, não é muito estética.
2. Diafragma

3. Esponja
É uma pequena esponja feita de poliuretano, com espermicida.
É descartável e de fácil colocação. Entretanto, é um produto importado e de alto
custo.
4. Espermaticida
São substâncias que matam os espermatozóides. Quando usados
sozinhos não conferem proteção adequada. Os principais são: nonoxinol-9,
octoxinol-9, menfegol.
Dispositivo
Intra-Uterino (DIU)
O DIU é o método contraceptivo mais utilizado no mundo. É um
dispositivo geralmente feito de cobre, que é colocado dentro do útero e leva a
várias modificações do útero e da tuba uterina, além de provocar reações que
matam os espermatozóides.
Existem dois tipos principais: 1) o DIU de cobre, largamente
utilizado, disponível no sistema único de saúde; e 2) o DIU com hormônio (um
tipo de progesterona), de alta eficácia e que apresenta uma ação especial de
alterar o muco do colo uterino, impedindo que os espermatozóides cheguem ao
útero. O DIU é colocado pelo médico, de preferência durante o período menstrual,
e apresenta durabilidade de alguns anos (depende do tipo). É extremamente
eficaz, sendo que o risco de gravidez é bastante pequeno.
Contracepção Hormonal
São constituídos de hormônios sintéticos, geralmente a
associação de um tipo de estrogênio e um tipo de progesterona. Esses métodos
atuam no centro regulador do ciclo menstrual, levando a um estado em que a
mulher não ovula. São bastante eficazes, com uma taxa de gravidez muito baixa.
Durante seu uso, podem ocorrer sangramentos irregulares,
aparecimento de manchas no rosto e leve ganho de peso.
1. Contraceptivos Orais
São as famosas pílulas. Elas devem ser iniciadas no primeiro
dia da menstruação e continuadas por 21 dias consecutivos, sem falhar. Após o
término da cartela, a mulher faz uma pausa de sete dias e reinicia o uso no
oitavo dia. É importante tomar a pílula sempre no mesmo horário, recomendação
especialmente válida para as mini-pílulas.
Os mais utilizados são os combinados, estrogênio +
progesterona. Entretanto existe a mini-pílula, que contem apenas progesterona, e
é utilizada principalmente em mulheres que estão amamentando e naquelas que
apresentam contra-indicações ao uso de estrogênio, como mulheres com enxaqueca.
A mini-pílula deve ser usada de forma contínua, sem pausas.
Devemos ressaltar que os contraceptivos orais atuais não
aumentam muito o risco de trombose, devido a uma dose mais baixa de estrogênio.
Porém esse risco ainda existe, o que não impede seu uso em mulheres saudáveis e
não-tabagistas.
Esses contraceptivos apresentam alguns efeitos benéficos,
além de impedirem a gravidez:
• Regularizam os ciclos menstruais;• Promovem alívio da tensão pré-menstrual (TPM);
• Reduzem o risco de câncer de ovário e de endométrio (útero);
• Reduzem a incidência de dismenorréia (cólicas menstruais) e diminuem o fluxo menstrual;
• Levam à regressão de cistos de ovário que produzem hormônios.
2. Contraceptivos Injetáveis

3. Implantes
São cápsulas ou bastões de material contendo hormônio, que
são implantados pelo médico debaixo da pele, no braço, próximo ao cotovelo.
Duram até três anos e são de alta eficácia.
4. Anel Vaginal
São anéis de material plástico, também contendo hormônio. São
inseridos dentro da vagina, onde devem ser deixados por três semanas. A mulher
faz uma pausa de uma semana e reinicia o uso. Não atrapalha a relação sexual,
nem causa incômodo. É bastante eficaz.
5. Adesivos Cutâneos
São semelhantes aos utilizados na terapia de reposição
hormonal, em mulheres menopausadas. Os adesivos são "colados" na pele, e
utilizados por três semanas, com pausa de uma semana. São bastante eficazes e de
fácil utilização.
6. Contracepção de Emergência (Pílula do Dia Seguinte)
Faz com que o útero fique desfavorável à gravidez. Existem
dois métodos. O primeiro consiste no uso de pílula própria, em duas doses: a
primeira até 72 horas após o ato sexual e a segunda 12 horas após a primeira. O
outro método consiste no uso da pílula comum, de forma que a mulher ingere duas
pílulas até 72 horas após o ato sexual e mais duas 12 horas depois. Esse método
só deve ser utilizado esporadicamente, devido ao esquecimento da pílula ou ao
fato de a camisinha ter estourado. Também é indicada em casos de estupro. Uma
informação de extrema importância: o uso freqüente leva à redução de sua
eficácia. Como no Brasil, legalmente a gestação só começa após a aderência do
ovo à parede do útero, a pílula do dia seguinte pode ser utilizada (já que ela
impede essa ligação).
Contracepção Cirúrgica
Feminina consiste na ligadura tubária, ou laqueadura.
Masculina é a vasectomia.
É o único método de contracepção definitiva, sendo utilizada
por muitos casais. A esterilização feminina consiste na ligadura tubária, ou
laqueadura. A masculina é a vasectomia. Devemos ressaltar que a vasectomia é um
procedimento ambulatorial, que não requer hospitalização, é feita sob anestesia
local e não causa nenhum tipo de disfunção sexual (como impotência). Esses
métodos são de altíssima eficácia, mas suas indicações são bastante específicas.
Assim, o casal deve procurar se informar com o ginecologista sobre a
possibilidade de sua realização.
Li cinco posts e achei interessantíssimo o teu blog! Uma proposta bastante séria e diferente da maioria por aí...! Parabéns!
ResponderExcluirGK
Obrigada Gugu Keller, fico feliz em saber que vc gosta e acha util, tento ajudar de alguma forma!
ResponderExcluirbjoooooo