Vamos voltar a 15 anos? Pois é,
quanta coisa mudou... Como eu mudei, quanta coisa aconteceu....
Eu tinha apenas 14 anos, era sábado,
tinha jogo do Brasil, como me recordo dos detalhes!
Era aquela garota quieta, tímida,
cheia de sonhos ate aquele dia. Achava que o mundo estava ótimo.
Estudava, escutava musicas, lia
meus livros (como sempre), um pouco ante social pra minha idade, isso também
decorria da timidez, naquela época nem pensaria em escrever, a timidez me
consumia e um amor muito grande no coração, sem ódio, rancor ou dor...
Ate que aconteceu um boowwm na minha
vida e na vida de muitos.
Hoje meu luto debuta, 15 anos sem
meu primo/irmão...
Talvez você pense estou lembrando
disso somente hoje, por que e a data que ele faleceu! Não eu me lembro dele
todos os dias durante esses 15 anos.
Me recordo do ultimo dia de vida do
Marquim, como se fosse ontem, ele na minha casa, cantando uma musica do
Natirutis, falando que no outro dia levaria a namorada dele para que
conhecermos. Tudo muito normal, ate então.
Mas, ao anoitecer chega a noticia “Marquim
foi baleado!”, o desespero tomou conta de todos, e ai quem fez isso? O primo
dele! Um choque maior!
Eu que era uma menina de 14 anos,
que convivia diariamente com esse primo/irmão, fiquei sem saber o que fazer ou
falar. So vi todos da minha casa correndo eu ficando sozinha com minha dor, meu
medo.
Até que chega a segunda noticia “Marquim veio ao óbito!” ai o desespero tomou conta de mim... Até posso dizer que ainda esse desespero toma
conta do meu ser...
Acho que por isso quando falo nele,
como agora começo a chorar, as pessoas tem mania de achar que todo amor de uma
mulher por um homem ou vice versa, tem que ser “carnal”, mas o meu é e sempre
será de um irmão mais velho. Acho que nunca ninguém entendeu isso, que ele meu irmão!
E assim aquela menina doce, amável,
tímida, se tornou outra pessoa, descobri
o ódio, rancor, vontade de fazer coisas que nunca imaginei, tudo isso oriundo
da dor que vem do meu coração, não posso dizer que isso não existe mais dentro
de mim, seria uma grande mentira. Aprendi a camuflar alguns sentimentos e desejos.
Não sou mais aquela doce garota
cheia de ideais, filosofias lindas... Agora sou aquela mulher que sofreu e sofre
cheia de ideais bizarros, filosofias perversas.
Há quem diga que tenho um bom
coração, ate pode ser, ainda amo as pessoas que estão do meu lado, aprendi com
essa dor a fazer e protege-las com que eu tenho.
Você pode olhar pra mim e ver uma
pessoa do bem, não estou dizendo que sou má, só aprendi que a perca de um
alguém amado como eu perdi, ensina a você ser malicioso, estratégias talvez
más...
Médicos, psicólogos, psiquiatras já
cansaram de olhar pra essa cara e dizer você não tem nada... Eu tenho uma coisa
pra dizer, eu tenho sim, dor muita dor... Isso me faz mau, me faz ficar doente,
mesmo calada coroe meu interior, me mata aos poucos.
15 anos se passaram e eu aqui
continuo lembrando do meu irmão que se foi... Do irmão que me tiraram, do irmão
que não viu minha evolução, alias em partes péssima, por que odeio e rancor
ajudou a moldar quem eu sou hoje em dia.
Tantas pessoas sofreram e sofrem
com essa partida inesperada, tantos sonhos se perderam no caminho. Todos seguiram
suas vidas, por que não pode parar, eu queria parar, não queria mais viver, às
vezes certas coisas acontecem na nossa vida que viver não faz mais sentido, “levamos
com a barriga”, ate que um dia você aprende a lidar com situação, aprende a
esconder sua dor, magoa... Assim sou eu, escondendo meus sentimentos ruins de
todos, aprendi a camuflar muita coisa, mas as vezes eu perco a paciência, mas ninguém
entendi, as vezes choro, e ninguém sabe o por que... Não sabe o que eu carrego
no peito, não sabem o que eu tenho que esconder, não sabe a vontade que eu
tenho... Talvez isso explique por que tantas vezes pensei em suicídio.
As vezes quando choro quero só um
abraço, não quero questionamentos, por que esta assim? Para com essa choradeira boba! São as coisas
que escuto, não queria escutar nada so queria ou quero um abraço que me faça
sentir que eu estou viva. Por que esses questionamentos, indagações, conclusões
precipitas só que deixam pior.
Queria ser uma pessoa normal, sem
esses sentimentos perversos que me assombram hoje, queria ser igual aquela adolescente
antes do dia 03 de julho de 1999, mas a vida não é como queremos. Não posso
garantir nada a ninguém, por que não controlo meus sentimentos, minhas emoções.
Nenhum comentário:
Postar um comentário